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15 anos depois: a floresta em pé reafirma a certificação.

17/09/2012

A
certificação florestal vive um marco no Brasil. Pela primeira vez, uma empresa
que comercializa madeiras tropicais e faz o manejo florestal em uma grande área
na Amazônia completa o terceiro ciclo de certificação, ou 15 anos com o selo
FSC® (sigla para Forest
Stweardship Council®). A cerca de 1.800 quilômetros
de lá, no estado do Acre, o Seringal Porto Dias, que é uma comunidade extrativistas,
comemora os primeiros 10 anos de certificação e confere os benefícios alcançados.
Com
uma serraria em Itacoatiara, no Amazonas, e responsável pelo manejo de, aproximadamente,
150 mil hectares de vegetação nativa nos municípios de Itacoatiara, Silves e
Itapitanga, a Mil Madeiras, subsidiária da suíça Precious Woods, foi pioneira no Brasil na aplicação dos princípios
e critérios do FSC em campo e na utilização do Padrão para Manejo Florestal em Terra Firme da
Amazônia, adaptado àquela realidade pela iniciativa nacional do FSC.
Para
Leonardo Sobral, engenheiro florestal e gerente de certificação do Imaflora, a
existência de uma floresta com 15 anos de monitoramento já é uma preciosidade. “Esse
período nos permite avaliar o resultado do manejo florestal em áreas que
passaram por exploração, conferir e mensurar a recomposição da floresta, a
dinâmica das espécies florestais, da fauna, dos recursos hídricos, do carbono.
Com exceção de pesquisas científicas específicas, é a primeira vez que podemos
observar esses resultados em uma área comercial”. Para ele, a associação entre
boas práticas de manejo e a certificação socioambiental acrescenta um
componente de segurança ao processo, porque assegura a manutenção da floresta
em pé.
Os
3 mil e 500 hectares
da Associação Seringueira Porto Dias, no município de Acrelândia, certificados
na mesma época são testemunhas dessa associação: selo e manejo tem garantido o
fornecimento de tacos, laminados e tábuas à Cooperfloresta, que comercializa a
produção dos comunitários e vem assegurando aumento de renda às, aproximadamente,
180 famílias Cooperadas.
De
lá, quem relata a experiência dos 10 anos dos efeitos do selo FSC sobre a
floresta e a comunidade é um antigo líder da região, Antônio Teixeira Mendes,
conselheiro do Assentamento Agroextrativista Chico Mendes e primo do seringueiro
assassinado. Conhecido como Sr. Duda, ele conta que a comunidade aprendeu muito
com as técnicas de manejo introduzidas pela certificação. “Olhando para trás, a
gente percebe que a floresta é mesmo um banco de sementes, é só fazer direito.
Cortando a árvore que já terminou seu ciclo de vida, no ano seguinte, a mesma
espécie, e às vezes outras, voltam a nascer”, diz ele, lembrando que só foi
possível perceber o que a floresta significava na vida de cada um a partir das
reuniões promovidas por conta da certificação e que agora a comunidade entende
porque conservá-la. Aprendizado sintetizado em poucas palavras: “a floresta é o
nosso caixa eletrônico”. 
15 anos depois: a floresta em pé reafirma a certificação.