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Agricultores familiares de comunidades quilombolas passam a oferecer produtos de maior valor agregado para merenda escola

03/02/2020

Autor(a): Imaflora

Em projeto-piloto, mais de 600 alunos de quatro escolas de Oriximiná, no Pará, receberam pães manipulados em Unidades de Beneficiamento de Alimentos

Um projeto tem levado renda para as comunidades quilombolas e alimentação saudável para alunos da rede municipal da cidade de Oriximiná, no Pará. O Florestas de Valor, programa do Imaflora, patrocinado pela Petrobras e financiado pelo Fundo Amazônia/BNDES, iCS, Governo do Canadá e Humanize, promove a agroecologia e a estruturação de cadeias de valor para estes produtos. Desde 2016, 88 toneladas de alimentos foram fornecidos para 21 escolas quilombolas, 9 escolas indígenas e outras 24 escolas da zona urbana por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, alcançando cerca de 20 mil alunos da rede pública de ensino. Com isso, 47 agricultores quilombolas e indígenas tiveram acesso a uma renda de R$ 555 mil.

A tendência é que este valor aumente ainda mais. Até 2017, os produtos que faziam parte do programa eram alimentos in natura ou com baixo processamento, como abóbora, farinha de tapioca e beiju seco. Mas a entrega de quatro unidades de beneficiamento de alimentos (UBAs) permitiu uma produção de maior valor agregado. A partir de então, iniciou-se um projeto-piloto com a produção de pães feitos com farinha de castanha do Pará, que também entraram na lista de alimentos do PNAE.

Em 2018 foi inaugurada a primeira, a UBA Tapagem, na Flona Saracá-Taquera, com a produção sendo destinada para a escola da comunidade. Em 2019, outras três passaram a operar, atendendo mais três escolas próximas às unidades. A produção passou de 500 unidades de pães em 2018 para 4.400 em 2019, favorecendo 628 crianças e adolescentes. "Este piloto tem proporcionado experimentar diversos aspectos envolvidos no processo produtivo, como o desempenho dos manipuladores e a qualidade dos equipamentos", explica Andressa Neves, Assistente de Projetos do Imaflora. "Para 2020, a expectativa é continuar fornecendo os pães, expandindo o volume de produção, além de ativar outros produtos, como a polpa de frutas, farinha e leite de castanha", completa.

Questões como a capacidade de distribuição, logística e a qualidade e aceitação do alimento por parte dos alunos estão sendo analisadas pela Prefeitura para que a quantidade de produtos adquiridos das UBAs possa aumentar e ser expandida para outras escolas. "O pão teve uma aceitação muito boa por parte das crianças", afirma Andressa.

As UBAs estão localizadas nos territórios quilombolas Erepecuru e Área Trombetas, e na Flona Saracá-Taquera, todos eles áreas protegidas, beneficiando as comunidades Boa Vista Cumina, Arancua de Baixo, Jamari e Tapagem, além das comunidades vizinhas Santa Rita, Arancuan do Meio e Curuçá Mirim. Para este ano, os planos são consolidar a equipe de manipuladores, licenciar a cadeia de polpa de frutas e projetar rotas de transporte fluvial, para expandir a entrega para outros locais.

"A produção das UBAs cumprirá diversos papéis. Do ponto de vista ambiental, dará uma destinação a itens que se perdem pela produção excessiva, como frutas, e será um modelo de produção sustentável, pois são equipadas com painéis solares e tratarão os resíduos em composteiras", afirma Andressa. "Do ponto de vista social, as UBAs são uma maneira de valorização da produção agroextrativista, e também uma alternativa de geração de emprego e renda para os agricultores e manipuladores de alimentos", completa.

Sobre o Imaflora

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma associação civil brasileira sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. O Imaflora acredita que a certificação socioambiental é uma das ferramentas que respondem a parte desse desafio, nos setores florestal e agrícola, com forte poder indutor do desenvolvimento local sustentável. Dessa maneira, busca influenciar as cadeias produtivas dos produtos de origem florestal e agrícola, colaborar para a elaboração e implementação de políticas de interesse público e, finalmente, fazer a diferença nas regiões em que atua, criando modelos de uso da terra e de desenvolvimento sustentável que possam ser reproduzidos em diferentes municípios, regiões e biomas do país.