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Cenário do setor florestal na Amazônia em debate

06/12/2022

Autor(a): Imaflora

Evento, que realizado em Belém, reúne diversos especialistas, empresários e pesquisadores para traçar perspectivas sobre como potencializar o uso dos recursos florestais brasileiros de forma legal e sustentável

A Amazônia é capaz de migrar totalmente sua produção atual de madeira para o manejo florestal sustentável e, assim, suprir indefinidamente o mercado consumidor em bases legais e sustentáveis. Para se ter uma ideia, essa produção gira em torno, hoje, de 10 a 12 milhões de metros cúbicos de madeira em tora por ano. Uma área total de manejo florestal de cerca de 25 milhões de hectares seria suficiente para suprir 100% da produção atual de madeira de forma contínua e sustentável. Essa área corresponde a apenas 5% da Amazônia Legal e poderia resolver a questão do avanço predatório da fronteira madeireira.

Alcançar essa meta de 25 milhões de hectares de manejo florestal só seria possível através das concessões florestais, seja em Florestas Públicas Não Destinadas (atualmente 65 milhões de hectares) ou em Unidades de Conservação de Uso Sustentável, onde é possível realizar o manejo florestal através das concessões e manejo florestal comunitário.

Esses dados são do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), uma das principais instituições da sociedade civil para a promoção e conservação dos recursos naturais brasileiros, que realizou, no dia 07 de dezembro, o “V Fórum de Soluções em Legalidade Florestal – O futuro do setor florestal na Amazônia”. O evento ocorrerá em Belém, no hotel Grand Mercure, e trará grandes pensadores e lideranças da atividade florestal brasileira para debater o tema.

“O Fórum de Soluções é uma iniciativa que visa, justamente, discutir, pensar e propor soluções que incentivem uma maior legalidade, aperfeiçoamento e sustentabilidade da produção de bens florestais no Brasil. Soluções como o manejo florestal sustentável, através do qual é possível desenvolver toda atual produção de madeira da Amazônia, por exemplo. É desse ponto que queremos partir no encontro que será realizado em Belém, o nosso quinto encontro e o primeiro presencial”, explica o gerente de cadeias florestais do Imaflora, Leonardo Sobral.

O tema da primeira mesa do Fórum será “Panorama atual e o futuro do Manejo Florestal na Amazônia Brasileira” e receberá Marco Lentini, especialista florestal senior do Imaflora, Arimar Maguary, da Cooperativa Mista da Floresta Nacional do Tapajós (Coomflona), e Milton Kanashiro, pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, que trarão pesquisas, dados e relatos de experiências sobre como o manejo florestal pode despontar como solução para uma produção florestal sustentável na região.

Em seguida, será a vez do debate sobre “Concessões Florestais: Potencial e Inovações”, com a participação de Olavo Makiyama, do Instituto Semeia, Camila Lima, gerente do BNDES, Sergio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, e Cristina Galvão, coordenadora geral de Concessão Florestal do Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

Potencialidade – As concessões florestais são um dos principais mecanismos existentes, hoje, de boa utilização dos recursos florestais brasileiros, onde áreas pertencentes ao poder público são concedidas à iniciativa privada ou associações comunitárias, sob contratos de concessão datados, para exploração sustentável, legal e fiscalizada desses recursos, que vão desde a madeira até diversos outros produtos, como cipós, sementes, cascas e frutos.

Hoje, existem 31 unidades de manejo florestal sob essa modalidade, somando uma área total de 1,819 milhão de hectares. Vinte e uma unidades de concessão, que somam 1,269 milhão de hectares, estão sob gestão do governo federal. Outros 550,8 mil hectares, divididos em dez unidades de concessão, são geridos por governos estaduais. O Amapá tem uma, com 67,4 mil hectares, e o Pará conta com nove, que somam 483,4 mil hectares.

Apesar disso, ainda é uma política subutilizada. “Precisaríamos de 25 milhões de hectares sob regime de concessão para a produção sustentável de 10 milhões de metros cúbicos de madeira, que é o que se produz hoje na Amazônia, sendo parte dessa produção sem controle de qualidade”, diz Leonardo Sobral, do Imaflora. “No entanto, há um movimento e uma vontade de garantir um bom uso de todo esse potencial, que permitiria uma evolução da produção florestal brasileira e ao mesmo tempo a conservação e manutenção da floresta em pé”, complementa.

O futuro do setor – A última mesa do dia “Perspectivas e visão sobre o setor florestal”, trouxe um panorama sobre essa atuação do setor florestal vista sob várias óticas: setor produtivo, organizações da sociedade civil e poder público. Participarão da mesa o diretor executivo da Associação Brasileira de Concessionárias Florestais (Confloresta), Daniel Bentes, o presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex), Leandro Rymsza, além do consultor da Transparência Internacional, Dário Cardoso, e da participante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas-Pa).