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Dia Internacional do Meio Ambiente: Existem instrumentos, falta determinação

05/06/2018

Sustentabilidade, Desmatamento, Amazônia, Mudanças climáticas, Floresta, Código florestal, Certificação socioambiental


É um rito anual. O Dia Mundial do Meio Ambiente chama à
reflexão e, inevitavelmente, nos deparamos com dados que apontam para um
passivo ambiental gigantesco, que já compromete a qualidade de vida na Terra e
o futuro das próximas gerações.
Recentemente,
o Imaflora participou de um estudo conjunto com oito organizações parceiras, o
Desmatamento Zero na Amazônia: como e porque chegar lá” que dimensiona a
gravidade do que vem acontecendo: a área desmatada de floresta já equivale a
duas vezes o território da Alemanha e pode atingir outros quase 14 mil
quilômetros quadrados, até 2027, se for mantida a velocidade atual do desmate. Apenas no período entre 2013 e
2017, a perda de vegetação foi 38% maior do que a de 2012, ano com a melhor performance.
Para Laura
Prada, secretária-executiva do Imaflora, "os mecanismos de controle do
desmatamento ainda são muito
frágeis e a perda de cobertura vegetal
se dá até em Unidades de Conservação e Territórios Indígenas”, diz ela,
lembrando que a situação também é crítica no cerrado. As informações mais atualizadas fornecidas
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais mostram que o cerrado perdeu o
equivalente a seis cidades de São Paulo, em 2015.
Com
taxas tão altas de desmatamento, o cumprimento das metas assinadas pelo governo
brasileiro no âmbito do Acordo de Paris, que prevê a redução de 37% nas
emissões gerais de gases de efeito estufa até 2025 e restauração de 12 milhões
de hectares de florestas, entre outros compromissos firmados para limitar o aquecimento global em
1,5%, ficam cada vez distantes.
 Ao mesmo tempo,
sabemos que a adoção de boas práticas no campo é uma medida transformadora
dessa realidade. O estudo do Imaflora “Boas práticas agropecuárias reduzem as emissões de GEE e aumentam a produção de carnena Amazônia” publicado em 2016, pela engenheira agrônoma Marina
Piatto e pelo pesquisador Ciniro Costa Júnior , que acompanhou fazendas de gado
de corte no Mato Grosso, demonstrou que houve aumento médio de 80% na produção
de carne e redução de 25% das emissões de gases de efeito estufa por hectare,
a partir da recuperação de pastagem degradadas e integração com lavouras de
soja e milho. E, recentemente, o trabalho “Balanço de Carbono na produçãoagrícola familiar na Amazônia: cenários e oportunidades” mostra a relevância da
contribuição da agricultura familiar para reduzir as emissões de gases de
efeito estufa. “Constatamos ganhos de eficiência nos dois cenários, o de
propriedades que produzem em larga escala e entre os agricultores familiares”,
afirma Ciniro. 
Os caminhos para a
construção de políticas públicas, na floresta e na agricultura, na direção
de um futuro sustentável, vem sendo
sinalizados pelas ONGs e pela academia e os resultados colocados à disposição
da sociedade. No entanto, ainda não entraram na agenda política com o peso
necessário para fazer diferença. E enquanto isso, a massa do bolo que
comemoraria as boas notícias na direção de um futuro sustentável continua do
lado de fora do forno e com as velinhas apagadas.