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Em 10 anos, mais de 300 produtores se certificam em grupo no País

04/07/2018

Sustentabilidade, Agricultura, Certificação socioambiental, Cacau


Atualmente, metade do café produzido no Brasil e
certificado Rainforest Alliance (RA) é auditado na modalidade grupo


A primeira certificação socioambiental conduzida em grupo
no Brasil completa 10 anos em 2018. E uma década após a experiência inaugural,
realizada pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e
Agrícola), 25 grupos e mais de 300 produtores rurais já se certificaram nesta
categoria.
A principal cultura certificada é o café. Segundo números
da entidade civil, 50% do café produzido no Brasil e certificado Rainforest
Alliance (RA) é auditado na modalidade grupo. Ainda há certificações coletivas
em propriedades produtoras de laranja e de cacau e em fazendas de pecuária. O
Imaflora é o maior organismo certificador das normas RA no Brasil, com
participação direta em 305 mil hectares.
Eduardo Trevisan Gonçalves, gerente de projetos do
Imaflora, afirma que a modalidade de auditoria em grupo democratizou o acesso à
certificação, criando sistemas de gestão diferenciados para a aplicação das
normas socioambientais. “Em 10 anos, foram oferecidos treinamentos a
cooperativas, técnicos, consultores e exportadores e, atualmente, através de
parceiras de agricultores com empresas e entidades representativas, as
certificações em grupo continuam se desenvolvendo e beneficiando, sobretudo,
pequenos e médios produtores”, comenta.
Ainda para Trevisan, a certificação em grupo estimulou o
surgimento e a disseminação de práticas responsáveis dentro das cadeias
produtivas. “Quando produtores atendem aos critérios de certificação,
demonstram responsabilidade nas suas operações e com questões sociais,
ambientais e de uso da lavoura, gerando impactos positivos para toda sociedade.
Depois, isso é retransmitido para toda a cadeia produtiva, estimulando
processos sustentáveis”, explica.
A primeira certificação socioambiental conduzida em grupo
no Brasil aconteceu em Monte Carmelo, pequena cidade do cerrado mineiro. A
cidade se desenvolveu em virtude da atividade agrícola e da alta demanda
existente por café no início do século 20. Com o crescimento das lavouras,
produtores locais enxergaram a necessidade de adequar-se a uma nova realidade:
a agricultura sustentável. A cultura escolhida? O café, comum naquela região.
A experiência com o café foi um embrião que ajudou a
estabelecer novos modelos de governança para as propriedades rurais. Além
disso, permitiu desenhar práticas de manejo para diferentes biomas, de acordo
com o coordenador de certificação agrícola do Imaflora, Tharic Galuchi. “Foi um passo importante, que ajudou a encontrar soluções
para pequenos e médios produtores entenderem como melhorar os índices de
desenvolvimento social e usar os recursos naturais de forma sustentável”, diz.
Em Monte Carmelo, os resultados da primeira certificação
socioambiental realizada em grupo não demoraram para aparecer. Segundo
Ivaldevino Carlos Magalhães, da Monteccer (Cooperativa dos Cafeicultores do
Cerrado Monte Carmelo), os produtores carmelitanos aumentaram progressivamente
a sua produção e passaram a olhar de modo integral às suas propriedades.
“As fazendas certificadas hoje são consideradas melhores
empregadoras em termos de remuneração, benefícios e qualidade de vida. Nessas
propriedades, as pessoas envolvidas no processo de produção e colheita se
sentem mais importantes e valorizadas. Também houve avanço na produção com o
auxílio de técnicas e de novas tecnologias”, ressalta.
Fundada como Coocaccer, a Monteccer foi criada para
aumentar o volume de produção dos agricultores locais e estimular a conexão com
compradores nacionais e internacionais. Hoje, conta com uma capacidade de
armazenagem anual de 400 mil sacas de 60 kg de café. Conforme a associação,
cada agricultor associado produz, em média, 45 sacas por hectare.
Rainforest Alliance
A certificação é aplicada em fazendas de todos os
tamanhos e localizações, sejam individuais ou em grupos organizados em
cooperativas, associações e outras formas de união de produtores. Com a
avaliação da fazenda, o sistema da RA permite certificar praticamente todas as
culturas agrícolas (café, cacau, chá, cana-de-açúcar, laranja, frutas, palma e
grãos) e a pecuária de corte e de leite. A rastreabilidade da produção
certificada é garantida pelo sistema de Cadeia de Custódia realizada em
armazéns, indústrias e exportadoras.
Imaflora
O Imaflora é uma Organização Não Governamental, sem fins
lucrativos, que trabalha para promover a conservação e o uso sustentável dos
recursos naturais e para gerar benefícios sociais nos setores florestal e
agropecuário. Com atuação nacional e participação em fóruns internacionais, foi
fundado em 1995 e tem sede em Piracicaba, interior de São Paulo. Saiba mais:
www.imaflora.org.
Em 10 anos, mais de 300 produtores se certificam em grupo no País