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Estimulados por venda para a indústria, agricultores familiares planejam aumentar a produção de cacau em São Félix do Xingu

17/12/2013


Menos de dois meses depois de alcançada a
classificação de tipo 1 para seu cacau, os agricultores familiares de São Félix
do Xingu, no Pará,  comemoram a venda do
primeiro lote do produto para a indústria moageira.
A Indústria Brasileira de Cacau (IBC),
localizada em Rio das Pedras, interior de São Paulo, que fornece a manteiga e a
massa para fabricantes como Natura e Native, adquiriu a produção inicial dos 25
integrantes do projeto piloto do IMAFLORA naquela região e confirma: “é de
excelente qualidade. O produto tem um potencial enorme”. Maurício Pinho,
diretor comercial da IBC conta que fez a aquisição a título de teste e que a aceitação
do mercado foi muito boa. “Já estamos negociando um volume substancialmente
maior para 2014 e 2015, em razão do interesse que detectamos”, conta.
Há três anos, a pedido da comunidade local, a
equipe do IMAFLORA elegeu o município de São Félix do Xingu, conhecido por seu
alto índice de desmatamento, para o desenvolvimento do trabalho que alia
conservação dos recursos naturais, geração de renda e práticas agrícolas mais
sustentáveis. O projeto foi desenhado para ser replicado em outras regiões.
Nos dois primeiros anos, o grupo foi apresentado
a técnicas de plantio, colheita e pós colheita que favoreceram o rendimento da
produção e potencializaram as qualidades do cacau da região. “Antes, eu
imaginava que era apenas colher, secar e vender”, conta Maria Helena Gomes,
dona de um alqueire na Vila Tancredo, e que entrou no grupo, inicialmente, como
observadora. “Com as oficinas do Imaflora aprendi a importância da poda
correta, da boa fermentação para conseguir um resultado melhor”, conta ela, que
divide com o marido o trabalho no cultivo dos cinco mil pés de cacau da sua
propriedade e se prepara para aumentar sua produção.
O mesmo entusiasmo de Maria Helena é compartilhado
por Domingos Mendes da Silva, que possui dois mil pés produtivos e vê na
aproximação com a indústria a valorização financeira do produto e a
independência dos atravessadores. “O ganho vai ser só nosso, né?”.
O avanço conquistado em pouco tempo pelos
agricultores, mostra, na opinião de Eduardo Trevisan, secretário-executivo
adjunto do IMAFLORA, que está à frente da gestão desse projeto, que “os
produtores familiares da Amazônia, quando têm acesso à informação e aplicam
técnicas apropriadas, mostram que podem atingir um grau elevado de
produtividade, qualidade e responsabilidade com os recursos naturais”. 
Os primeiros anos de trabalho foram voltados
inteiramente para a consolidação de referências técnicas junto aos produtores,
como a clonagem, a biocalda, os fertilizantes alternativos e as podas
adequadas, que favoreceram o rendimento da produção e potencializaram as
qualidades do cacau da região.
“É um cacau com padrão específico, mais
avermelhado, com um aroma frutado, que dá um sabor característico ao material.
Vai de encontro à linha com a qual trabalhamos, o cacau de origem, que
identifica uma região”, diz o diretor da IBC, que além do mercado interno,
coloca seu produto na Austrália, Israel e África do Sul. 
Essa relação com a indústria, na opinião de
Amanda Cotelesse Souto, engenheira agrônoma do IMAFLORA, que atua no projeto, e
agregação de valor à produção são passos fundamentais para o fortalecimento da
economia local. Na atual etapa do trabalho, ela coordena o trabalho de apoio
aos agricultores familiares na recomposição das matas ciliares, das áreas
florestais, das reservas legais e auxilia na interpretação do novo Código
Florestal, para que possam se adequar ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) e,
posteriormente, do Licenciamento Ambiental Rural (LAR).
Os bons resultados do projeto, em parceria
com a Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu,
com a Cooperativa Alternativa dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos de São
Félix do Xingu, Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira e apoio do
Fundo Vale, reafirmam a meta de expandir o grupo para 100 produtores, em 2016.
Aqui, um pouco do trabalho
na região. 


Estimulados por venda para a indústria, agricultores familiares planejam aumentar a produção de cacau em São Félix do Xingu