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Exploração madeireira no Acre está concentrada em apenas 10 imóveis rurais

11/11/2021

Maior município do estado, Feijó teve 47% da área com extração de madeira. 

Um estudo mapeou pela primeira vez a área com exploração madeireira no Acre. Conforme o levantamento, entre agosto de 2019 e julho de 2020, 27.455  hectares de floresta tiveram extração de madeira no estado.

Os dados são da Rede Simex, integrada por quatro organizações ambientais: Imazon, Idesam, Imaflora e ICV, e obtidos a partir de imagens de satélite. O destaque nas análises é de que 20.770 hectares, 76% do total explorado no estado, concentrou-se em apenas 10 propriedades rurais. 

O infográfico destaca ainda, que a exploração madeireira está concentrada nos imóveis rurais cadastrados: 97,13% ocorre neles, enquanto os outros três por cento, estão divididos em Unidades de Conservação de Uso Sustentável: 0,01%; vazios cartográficos: (0,31%); assentamentos rurais: 2,52% e Terras não destinadas: 0,02%. " É um ótimo indicativo não observarmos explorações florestais em áreas restritas como Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas, porém é alarmante a alta concentração das explorações em pouquíssimos imóveis rurais ", destaca Julia Niero Costa, da equipe de Geotecnologias do Imaflora.

Em termos municipais, 13.037 hectares, o equivalente a 47% do total, foram explorados  em Feijó, maior cidade do estado. A capital Rio Branco, com 4.281 hectares (16%), e Bujari, com 2.587 hectares (9%) são o segundo e o terceiro municípios com as maiores áreas exploradas, respectivamente. A produção de madeira em tora no estado foi de cerca de 261 mil metros cúbicos, estimativa gerada a partir dos dados do Sinaflor (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais) através das movimentações de madeira em tora reguladas pelo DOF (Documento de Origem Florestal). Essas informações estão disponíveis na plataforma Timberflow, que foi desenvolvida pelo Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola) para disponibilizar, analisar e gerar informação qualificada a partir dos bancos de dados dos sistemas de controle florestais oficiais do Brasil. 

Em 2020,  segundo dados do sistema DOF, os 10 municípios com a maior área explorada foram responsáveis por 92% da produção de toras do estado. “Esse fato demonstra a concentração da produção de madeira do Acre ao redor de alguns municípios, ou seja, nessas regiões, é fundamental uma maior concentração de ações de controle da exploração madeireira, assim como de fomento à produção florestal responsável’, comenta Marco Lentini, coordenador de projetos do Imaflora.  

O estudo não separou a exploração autorizada da não autorizada devido à falta de acesso aos dados da Secretaria de Estado de Meio Ambiente. No entanto, há diálogo com o governo estadual para avançar nas análises, quando será possível identificar o percentual de legalidade da extração de madeira no estado. Não foram encontradas explorações em áreas restritas como Unidades de Conservação de Proteção Integral e Terras Indígenas. 


Sobre a Rede Simex 

Integrada por pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e do Instituto Centro de Vida (ICV), foi formada para que o Sistema de Monitoramento da Exploração Madeireira (Simex), que já era realizado no Pará e Mato Grosso, pudesse ser ampliado para outros estados da Amazônia.

Sobre o Imaflora 

O Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) é uma organização sem fins lucrativos, criada em 1995 sob a premissa de que a melhor forma de conservar as florestas tropicais é dar a elas uma destinação econômica, associada a boas práticas de manejo e à gestão responsável dos recursos naturais. 

Exploração madeireira no Acre está concentrada em apenas 10 imóveis rurais