O
Congresso reunirá lideranças de governos, ONGs, comunidades locais, indígenas e
empresas privadas de diversos países. A riqueza desse encontro está em
confrontar as diversas visões e experiências sobre o tema. É importante
esclarecer que embora use a palavra "Parque", o encontro refere-se ao
que no Brasil chamamos de Unidades de Conservação da Natureza (UCs).
O Congresso
discutirá também as demais categorias, que conciliam o uso dos recursos
naturais e a permanência de populações tradicionais com a conservação dos
ecossistemas, tais como Reserva Extrativistas, Florestas Nacionais e Estaduais
e Reservas de Desenvolvimento Sustentável que são o foco do trabalho do IMAFLORA.
Apesar
dessas dificuldades o IMAFLORA conseguiu bons resultados fazendo a conexão
entre as populações tradicionais da Calha Norte e da Terra do Meio com o
mercado? Sim,
algumas situações eram inéditas, antes disso. Como o fato das grandes empresas
terem ido às reservas, conversado com os extrativistas, ouvido o que tinham a
dizer sobre suas necessidades e suas dificuldades para a comercialização do que
extraem, entendido que as empresas precisavam se adaptar a dinâmica dos povos
das florestas. Foi um processo muito rico, no qual os dois lados se conheceram
e encontraram juntos soluções.
Como foi
o início da atuação do IMAFLORA na região?
Foi em 1996, com elaboração do Plano de Uso Comunitário da
Floresta Nacional do Tapajós, em Santarém, no Pará. A partir de 2004, o tema
ganhou escala com as consultas públicas para criação de UCs, especialmente no
mosaico do Sul do Amazonas, da Terra do Meio e da Calha Norte, no Pará.
Atualmente, atuamos na Terra do Meio e na Calha Norte.
Na Calha Norte paraense, além de apoiar a segurança alimentar de
comunidades quilombolas e assentados, o IMAFLORA ajuda a desenvolver a cadeia
da copaíba, da castanha e outros produtos, além da agricultura familiar e o
estímulo a sistemas agroflorestais e roça sem fogo. O instituto também apoia o
fortalecimento da organização comunitária e a participação das comunidades
locais para a gestão das UCs.
Na Terra do Meio, nossa atuação concentra-se nas três reservas
extrativistas federais, desenvolvendo cadeias produtivas diferenciadas para
copaíba, castanha e borracha, com grandes empresas. Isso envolve desde as
comunidades residentes nas reservas extrativistas até as empresas comprometidas
com as questões socioambientais, de forma a estabelecer relações comerciais com
respeito ao modo de vida e cultura dos extrativistas. Isso tem se concretizado
com os Protocolos de Relação com Comunidades, instrumentos de diálogo que levam
a uma relação comercial mais equilibrada e transparente entre empresas e
comunidades. Isso gera um alto valor socioambiental agregado à produção
extrativista.
E o que
se espera de Sidney, tendo em vista o cenário que você descreveu?
Os
resultados dos debates desse congresso comporão "A Promessa de Sydney"
(
http://worldparkscongress.org/drupal/promise-of-sydney),
que servirão de referência para governos, ONGs e demais interessados. Para
contribuir mais significativamente para a construção desse documento, no
Brasil, várias ONG juntamente com o governo vem se reunindo.
Esperamos um debate intenso das questões que tem nos
mobilizado.