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Madeira tropical certificada está em alta, mostra estudo de mercado do Imaflora

20/05/2013



Pela primeira vez, os elos entre produção, comercialização,
consumo e potencial de mercado da madeira amazônica certificada FSC são
estudados detalhadamente.
O funcionamento das relações já existentes, as demandas e as
possibilidades para os produtos florestais manejados por comunidades foram
analisados no estudo “Acertando o alvo 3: desvendando o mercado brasileiro de
madeira amazônica certificada FSC”, do IMAFLORA, que foi coordenado pela
engenheira florestal Patrícia
Cota Gomes, coordenadora de projetos e mercados florestais,
pelo engenheiro florestal Leonardo
Sobral, gerente de certificação florestal,  ambos do IMAFLORA e pelo consultor
independente Marco Lentini.
O estudo é repleto de indicadores positivos, que apontam o
potencial de crescimento do mercado para a madeira amazônica certificada no
País. A expectativa de aumento no consumo para os próximos 3 anos é de 67%: “Isso
é explicado pela vontade de acessar novos mercados, resposta de 50% dos entrevistados.
A segunda razão, citada  por 35%, é a preocupação
com a imagem da empresa”, diz Patrícia. O crescimento de concessões florestais para
particulares e obras como a construção de estádios para os eventos esportivos
previstos para o próximo biênio também são citados por ela.
A base de dados utilizada é de 2011, e os números parciais
de 2013 confirmam a tendência apontada, indicando que pode até ser superada.  Foram contatados todos os empreendimentos
florestais certificados, incluindo empresas e comunidades proprietárias de
florestas, serrarias e indústrias consumidoras de madeira amazônica, com um
surpreendente índice de participação nas entrevistas:  80%.
Expansão- Entre as empresas que acreditam no
potencial de mercado do selo FSC e pretendem buscar a certificação florestal
está a Batisflor Florestal. É a única empresa no Brasil licenciada para a
exploração do mogno. São 190 mil hectares de floresta, em três municípios: Boca
do Acre e Piauini, no Sul do Amazonas e Manoel Urbano, no Acre. Pronto para
iniciar a derrubada do segundo lote da espécie, que deve render cerca de 40 mil
m3 de madeira, Luis Rogério
Oliveira, engenheiro florestal da Bastisflor, explica que a certificação FSC se
insere em uma estratégia empresarial para ampliação de mercados. “também
queremos dar ao nosso consumidor a garantia de que a madeira que ele compra
respeita o meio ambiente, o trabalhador e tem uma origem legal”, diz ele.
O Brasil responde pela sexta maior área de florestas com o
selo FSC do mundo, somando-se as nativas e as destinadas à indústria de papel e
celulose. O estudo mostra que o comportamento do mercado de madeira certificada
difere significativamente do mercado de madeira Amazônica. Enquanto a maior
parte da madeira tropical certificada, é exportada (68%), o inverso acontece
com o mercado de madeira Amazônica, que em sua maioria é consumida no Brasil ,
segundo dados do Imazon. Da pequena
fatia com o selo FSC que fica em território nacional, 14% é comercializada no
estado de São Paulo, seguida pela região Nordeste, com 9%.
Comunitários - O Pará é o maior produtor de madeira
certificada FSC, representando 48% do total. Rico em comunidades que vivem da
extração do comércio das toras e dos produtos florestais não-madeireiros, a
região pode ser beneficiado por outra conclusão do estudo do Imaflora: a de que
existe grande mercado potencial para o selo FSC comunitário.  Sessenta por cento das empresas entrevistadas
demonstram interesse na compra de produtos comunitários certificados.
O reconhecimento do diferencial do produto comunitário pelo
mercado é a aposta da Comflona, a Cooperativa Mista da Floresta Nacional do
Tapajós, que está buscando a certificação. A Comflona reúne 135 associados, que
trabalham com a extração da madeira, dos óleos de andiroba, copaíba, látex ,
com a  coleta do piquiá e do sacaca,
comercializados in natura.
Kolbe Soares, engenheiro florestal que trabalha para a Cooperativa,
explica que os comunitários querem ganhar competitividade para seus produtos, já
que há três anos vendem seus produtos para uma única empresa, que exporta os
produtos. “Se conseguirmos a relação direta, podemos aumentar nossos ganhos”,
diz. Kolbe acrescenta que é um desafio a adequação
aos preceitos e normas da certificação, até por estarem dentro de uma Unidade
de Conservação.
A motivação da compra dos produtos comunitários é a mesma, a
melhoria de imagem junto ao consumidor. Por enquanto, esses produtos
representam uma fatia pequena da madeira tropical certificada: 1,4% do total
produzido.
Patrícia Cota Gomes explica que com esse estudo, o
Imaflora fecha um ciclo: Em 1999,queríamos saber para onde estava indo a
madeira amazônica brasileira e, em parceria com o Imazon e com o Amigos da
Terra-Amazônia Brasileira trabalhamos no primeiro levantamento, o, “O
Acertando o Alvo”. Para nossa surpresa, identificamos que a maior parte dela
ficava no Brasil, ao invés de ir para fora. Isso motivou o segundo estudo que
investigou o mercado nacional de madeira Amazônica.  E agora, com o Acertando o Alvo 3,  queríamos aprofundar no mercado de madeira
certificada FSC, identificar as oportunidades e os gargalos desse mercado, uma
vez que os compradores estrangeiros se queixavam da pequena oferta da madeira
certificada, enquanto as empresas nacionais certificadas reclamavam da falta de
espaço para seu produto. Nos propusemos a  entender melhor esta questão”, conclui.
O estudo completo está disponível e pode ser baixado
livremente por meio do link http://www.imaflora.org/downloads/biblioteca/ebook_acertando_o_alvo_3.pdf.
 
Madeira tropical certificada está em alta, mostra estudo de mercado do Imaflora