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Relatório Anual 2020: e se a floresta viva tivesse mais valor?

01/06/2021

Autor(a): Imaflora

A pergunta expressa em nosso manifesto ecoa dentro de nós desde a criação do Imaflora, em 1995. Naquela época, produção e conservação eram tidas como duas práticas excludentes. Nós insistimos, confiamos e, com os pés na terra e o coração na floresta, começamos a criar diálogos, espalhar conhecimento e promover inovações. Seguir essa vocação foi de fundamental importância em 2020, ano em que os contextos mundial e brasileiro enfraqueceram muito a agenda do desenvolvimento sustentável.

Várias entidades ressaltaram os riscos ambientais entre as principais ameaças globais para 2021. As florestas brasileiras, que são morada de um terço de todas as espécies vivas do planeta e de uma em cada cinco espécies vegetais do mundo, estão ainda mais vulneráveis com o recrudescimento e retrocessos já percebidos nos últimos anos. Em 2020, o desmatamento da Amazônia foi o maior da última década, atingindo uma área correspondente a quase cinco cidades de São Paulo. O desmatamento, impulsionado principalmente pelas atividades ilegais e predatórias, avançou sobre as áreas protegidas, onde vivem povos indígenas e populações tradicionais, como quilombolas. Somam-se a esse cenário as limitações impostas às esferas de debate público, causadas não só pela recessão econômica e pela pandemia da Covid-19, mas também pelas contínuas ofensivas do Governo Federal em relação à atuação das organizações do terceiro setor.

“Em momentos como esse, sem precedentes, o propósito, a excelência e a agilidade de qualquer organização são colocados à prova. do conselho diretor à equipe, do corpo técnico ao time de campo, todos se mobilizaram para aperfeiçoar nossos processos para podermos seguir com nossa missão de incentivar os setores florestal e agrícola a conciliar o uso responsável dos recursos naturais à conservação e a promoção de benefícios sociais, valorizando quem vive da terra, do saber do cultivo e da produção” explica Roberto Palmieri, que se manteve como secretário executivo do Imaflora até novembro de 2020, quando passou o bastão para Marina Piatto e Patrícia Cota Gomes, que assumiram, respectivamente, a secretária executiva e a secretaria executiva adjunta.

Para Marina, a relação de confiança com os diversos atores da sociedade, mais a experiência e a reputação construídas ao longo dos últimos 25 anos, permitiram ao Imaflora articular mais diálogos, atrair novos agentes para o debate e contribuir com soluções e informações que podem inverter a lógica vigente. “A excelência do Imaflora em diversas frentes, da disseminação de práticas agropecuárias e uso da sociobiodiversidade à inteligência na produção de dados e cenários, viabilizou avanços importantes em diversos campos”, ressalta.

Isso fica explícito, por exemplo, na mediação de diálogos entre o Ministério Público Federal (MPF) e os frigoríficos, que resultou no Boi na Linha, um projeto inovador que aumenta a transparência e a harmonia de regras de diversos acordos, visando uma cadeia produtiva livre de desmatamento. Assim como a pecuária, a soja também ganhou um programa e plataforma próprios, para monitorar o desempenho e promover melhorias em processos e políticas, ajudando na manutenção do meio ambiente e da reputação dessa cadeia.

Diante das restrições impostas pela pandemia, nos reinventamos e promovemos lives, webinars e treinamentos, visando ampliar o conhecimento sobre os mais diferentes assuntos - da agroecologia a como a desigualdade de gênero é ampliada pelos efeitos das mudanças climáticas. Investidores que já consideram aspectos ambientais em suas aplicações.

“A economia da floresta em pé, em especial a dos produtos da biodiversidade brasileira, ainda é tímida se comparada ao seu potencial. Investidores estão se dando conta que considerar aspectos ambientais e sociais em seus investimentos daqui para frente pode ser chave em seus negócios. As transações entre empresas e os povos da floresta mostram que é possível gerar inovação, com uso responsável dos recursos e, ao mesmo tempo, compartilhar valor ao longo da cadeia, como o que estamos vendo no Origens Brasil®”, destaca Patrícia Cota Gomes.

Frente às notícias de desmatamento e atividades predatórias, o Imaflora também buscou construir uma articulação com a iniciativa privada, ONGs, especialistas e órgãos governamentais tanto para inserir alguns mercados na legalidade, caso da madeira nativa da Floresta Amazônica, quanto para mitigar impactos da produção pecuária ou do cultivo agrícola.

Para articular diálogos construtivos e cuidar da terra, aliamos ao nosso conhecimento tecnologia de ponta e parcerias estratégicas, que lançam luz sobre novos modelos de negócios e de produção, capazes de contribuir com nossa missão de fundir produção e conservação; de promover benefícios às pessoas, ao meio ambiente e à economia; e de reduzir as emissões de gases que levam ao aquecimento global. Nesse contexto, em 2020 foram elaboradas mais de 20 análises, estudos e publicações, que demonstraram o potencial da experiência acumulada nos últimos 25 anos.

Com nossa vocação pulsando ainda mais forte, apesar de todos os desafios enfrentados neste ano singular, o Imaflora vislumbra investir ainda mais no poder das conexões, para criar mais impacto positivo no campo, nas florestas e nas pessoas. Temos certeza de que esse é o caminho para demonstrarmos o valor da floresta viva e, também, para contribuir com uma mudança de mentalidade da sociedade, cada vez mais consciente e preocupada com o que produz e consome.

Leia o Relatório Anual do Imaflora de 2020 aqui