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Fomento às cadeias produtivas da sociobiodiversidade transforma vidas em São Félix do Xingu

07/05/2024

Autor(a): Imaflora

Parceria entre Imaflora e produtores locais no Pará impulsiona práticas agrícolas sustentáveis e fortalece a economia comunitária através do programa Florestas de Valor

A estruturação de cadeias de valor de produtos da sociobiodiversidade, por meio de uma economia que valorize a floresta e seus povos, é um desafio que requer a integração de diferentes atores, desde o poder público, ONGs até os agricultores familiares. Na região sudeste do Pará, Estado que vai receber a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 30), a parceria entre o Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), secretarias municipais e produtores rurais têm mostrado um caminho profícuo.

No município de São Félix do Xingu, o programa Florestas de Valor, iniciativa do Imaflora que conta com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, contribui para estruturar as cadeias produtivas de polpas de frutas e cacau.

Um exemplo é o da Associação das Mulheres Produtoras de Polpas de Frutas (AMPPF), que graças a estas parcerias acessou serviços de contabilidade, consultoria ambiental e assessoria técnica. Com o investimento do programa, a organização cumpriu suas obrigações legais e fiscais, se capacitou em gestão e questões de gênero, e ainda pôde elaborar novos projetos.

Também foi oferecido aos agricultores familiares apoio técnico focado em implantação e manejo agroecológico de Sistemas Agroflorestais (SAFs), resultando em melhorias significativas na sustentabilidade das práticas agrícolas locais. No aspecto comercial, 36 famílias passam a acessar dois programas do Governo, sendo o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estas comunidades também expandiram suas oportunidades de mercado por meio da participação em feiras locais.

Joelma Meneses da Silva, associada à AMPPF e agricultora familiar, conta que enfrenta desafios em sua propriedade, onde cultiva frutas como acerola, maracujá, além de  produzir leite. “A falta de assistência técnica e experiência no cultivo de algumas culturas tem sido um obstáculo significativo para o aumento de produção. Ainda que tenhamos o apoio do Imaflora”, destaca.

A rotina de Joelma é intensa, equilibrando suas responsabilidades como mãe, esposa, e membro ativo da AMPPF, além de suas atividades na propriedade como agricultora e pecuarista. Ela e seu esposo são os principais responsáveis pelo manejo da terra, contando ocasionalmente com ajuda externa para a manutenção dos pastos. “O Programa proporcionou a implementação de técnicas de produção agrícolas de baixo impacto como Sistema Silvipastoril, beneficiando diretamente os pequenos produtores rurais. Além disso, a participação em atividades e capacitações oferecidas pelo Florestas de Valor, têm sido essencial para superar as dificuldades do dia a dia da propriedade”, conta.

Avanços em práticas sustentáveis

A gestão de 57,49 hectares de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em São Félix do Xingu em 2023, representou 20% dos 300 hectares almejados. O enfoque em agroecologia foi um catalisador para engajar produtores locais em práticas agrícolas sustentáveis. As técnicas agroecológicas melhoram a produtividade e fortalecem a resiliência dos ecossistemas locais.

A produção de mudas foi outro setor em que o Florestas de Valor excedeu as expectativas, com a produção de 28.250 mudas, superando a meta inicial de 20.000. As mudas, distribuídas entre essências florestais e frutíferas, são direcionadas para a restauração de áreas degradadas e incremento da biodiversidade local.

Raimundo Freire dos Santos, produtor rural em São Félix do Xingu e presidente da Cooperativa Alternativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu (CAMPPAX), descreve em detalhes os desafios e potenciais de sua propriedade de 45 hectares, localizada na vicinal Xadazinho - Colônia Linhares de Paiva. Desde 1986, ele e sua esposa cultivam uma variedade de culturas, incluindo cacau, milho, feijão e mandioca, além de criar pequenos animais.

Um dos principais obstáculos enfrentados por Raimundo é a escassez de água durante a estação seca, o que afeta diretamente a produção agrícola. Além disso, ele destaca a dificuldade em acessar créditos de custeio agrícola no momento adequado, o que poderia proporcionar melhor desenvolvimento de suas atividades.

A contribuição do Imaflora ajuda a superar algumas dessas adversidades. Raimundo ressalta a importância dos cursos de capacitação oferecidos, que abrangem desde técnicas agrícolas até a criação de viveiros e a produção de biocaldas, fertilizantes e fungicidas orgânicos. “Esses cursos não apenas ajudam a melhorar suas práticas agrícolas, como também promovem a sustentabilidade e a conservação ambiental”, afirma.

Para Raimundo, a cooperação entre produtores amplia o acesso a conhecimentos e técnicas avançadas, o que ocorre quando há intercâmbios e visitas em outras propriedades. “Além disso, eles ajudam a compreender como se dá o acesso a linhas de crédito e outros projetos que apoiam a agricultura familiar”, argumenta.

Como pode ser visto nos resultados de 2023, referente ao âmbito econômico. O programa impulsionou a comercialização de produtos da agricultura familiar. Em 2023, as vendas alcançaram R$ 322.246,65 pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e R$ 134.379,00 pelo Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Essas iniciativas não só garantem um mercado para os produtos locais, mas também fortalecem a segurança alimentar nas escolas da região e dinamizam a economia local.

O apoio do Imaflora estendeu-se também à estruturação de negócios e empreendimentos comunitários, como viveiros de mudas e agroindústrias de polpas de frutas. O programa não apenas diversifica a economia local, mas promove a autonomia das comunidades rurais, permitindo-lhes prosperar de maneira sustentável.