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Comunidades extrativistas do Norte do Pará devem comercializar 10,5 toneladas de sementes de cumaru até dezembro

16/12/2021

Autor(a): Imaflora

A safra de cumaru neste ano deve se estender até meados de dezembro, mas as estimativas para as comunidades que vivem da coleta e venda de suas sementes na região da Calha Norte do Rio Amazonas, no Pará, são otimistas. Segundo dados do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), a previsão é que sejam comercializadas 10,5 toneladas de sementes secas e selecionadas, gerando uma movimentação de mais de  R$ 740 mil. 

Como parte do projeto, está sendo desenvolvido um viveiro em Alenquer, localizado no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso. A previsão é que, a partir do início de 2022, sejam produzidas entre 30 mil e 60 mil mudas por ano de espécies como Cumaru, Castanha-do-Brasil, Andiroba, Ipê, Cedro, Mogno e Massaranduba; além de espécies frutíferas como açaí, cupuaçu, cacau, graviola e acerola. 

“O viveiro vai permitir que agricultores familiares possam converter áreas atualmente sem uso ou ocupadas por pastagens degradadas, por sistemas agroflorestais biodiversos com foco na soberania alimentar e geração de renda a partir da comercialização do excedente da produção”, explica Eduardo Trevisan, Gerente de Projetos do Imaflora. Ele também oferece a oportunidade da associação representante do território planejar a recuperação de áreas desmatadas com o plantio de espécies florestais que, além de contribuir com serviços ambientais, podem gerar renda para a comunidade por meio da comercialização de produtos florestais não madeireiros. 

Um dos eixos de atuação do Imaflora é a promoção de cadeias florestais e agropecuárias responsáveis, e desde 2010, por meio do programa Florestas de Valor, desenvolvido pelo Imaflora com patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental e financiamento do Instituto Moreira Salles e do Fundo Amazônia/BNDES. Com isso, a organização contribui para a estruturação da cadeia produtiva do Cumaru nos municípios de Oriximiná e Alenquer, promovendo o comércio ético e justo junto a empresas, que pagam um valor acima da média de mercado para a produção. Hoje, são mais de mais de 200 extrativistas apoiados nas duas cidades, que comercializam esse produto junto a  Cooperativa Mista dos Povos e Comunidades Tradicionais da Calha Norte (Coopaflora), que é formada por  indígenas, quilombolas e ribeirinhos. 

A semente de cumaru pode ser utilizada tanto na indústria de cosméticos - na composição de fragrâncias -, quanto na gastronomia, sendo utilizada para incrementar receitas de sobremesas e até mesmo bebidas. O município de Alenquer é um dos principais polos de cumaru do país, com 36% da produção brasileira entre 2016 e 2018. Para operacionalizar a cadeia neste municipio, foram estabelecidos dois entrepostos comunitários no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Paraíso e instalados secadores solares para as sementes, além de treinamento por consultores da empresa e técnicos do Imaflora para garantir a qualidade do produto. Em Oriximiná, um entreposto foi estabelecido na sede da Cooperativa na zona urbana da cidade e outro foi estabelecido em um território quilombola na zona rural.

“Fora a geração de renda e conservação da floresta, o extrativismo também é um aliado no monitoramento do território, já que os extrativistas percorrem longos trajetos até chegar nas áreas de coleta e, nesse deslocamento, podem identificar invasões e áreas desmatadas, por exemplo”, explica Jonas Gebara, Coordenador de Projetos do Imaflora. Recentemente, o Instituto lançou o aplicativo Terra on Track, para auxiliar as comunidades extrativistas na detecção de focos de incêndio e desmatamento em áreas florestais. Além de gerar alertas para ameaças, as informações levantadas também poderão ser usadas pelas comunidades para a gestão de seus territórios, para que possam tomar decisões sobre melhores áreas de plantio ou extrativismo, por exemplo.