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Entre desenvolvidos e emergentes, consumidores de seis países mandam recado para as indústrias

25/06/2013

por: Jaime Gesisky
Aumenta a
consciência do consumidor sobre biodiversidade. Tendência é recusar marcas que
não respeitam o abastecimento ético de ingredientes naturais na cadeia
produtiva. Acesse
a pesquisa aqui
.
São Paulo (25.6.13) – A tendência dos consumidores de países
desenvolvidos – e até mesmo os emergentes como Brasil e China – é querer saber
mais sobre a origem dos insumos naturais usados em larga escala em indústrias
de cosméticos, alimentos e fármacos. E mais: quem compra esses produtos está
começando a recusar marcas que não respeitam a biodiversidade e as práticas
éticas de abastecimento da biodiversidade.
O recado vem do Barômetro da Biodiversidade – 2013, uma
pesquisa feita pelo Instituto IPSOS, um dos mais respeitados do mundo, a pedido
da União para o BioComércio Ético, uma instituição sem fins de lucro que
monitora a relação entre consumo e biodiversidade há cinco anos.  A nova pesquisa ocorreu em fevereiro deste
ano. Foram ouvidas mil pessoas em cada um dos países analisados para esta
edição: Brasil, França, Alemanha, Reino Unido, EUA e China. Os dados da
pesquisa foram apresentados hoje em São Paulo
durante uma conferência organizada pela UEBT e Movimento Empresarial pela
Biodiversidade – Brasil – MEBB. Acesse a pesquisa.
Os resultados do mais recente Barômetro indicam que os
consumidores estão cada vez mais atentos a temas como a conservação das espécies,
conhecimentos tradicionais associados à natureza e comércio justo entre
empresas e comunidades que vivem em florestas tropicais. E mais: tendem a
rejeitar as marcas que não respeitam os aspectos éticos relacionados à cadeia
de fornecimento de ingredientes naturais, incluindo os direitos das
comunidades.
“Ao longo dos últimos 5 anos, tendo pesquisado 31 mil
pessoas em onze países, percebemos que os consumidores em economias emergentes
como no Brasil estão conscientes e se preocupam com a biodiversidade e como a
indústria se relaciona com o uso sustentável dos ingredientes naturais”, avalia
Rik Kutsch Lojenga, diretor executivo da UEBT.
As grandes indústrias, sobretudo nos setores de cosméticos e
alimentos também consideram a relevância desse tema nas suas estratégias de
produção, distribuição e comunicação, conforme apontam os dados do Barômetro.
Consciência crescenteEm termos mundiais, os dados mais recentes revelam que a
conscientização sobre temas relacionados com a biodiversidade é cada vez maior.
No universo pesquisado, mais de 90% dos entrevistados ouviram falar de
espécies ameaçadas de extinção, comércio justo e preservação ambiental.
Desde a primeira pesquisa, a UEBT observa um forte aumento
(31% neste ano em relação aos anteriores) na consciência pública em relação à
repartição ética dos benefícios, respeito ao conhecimento tradicional e
pagamento de preços justos às comunidades provedoras.
De acordo com a pesquisa, há também um alto nível de
conscientização em países emergentes sobre temas como o respeito ao
conhecimento tradicional das  comunidades
e a conservação da biodiversidade, particularmente no Brasil e China.
Em relação à China, o Barômetro de 2013 registrou que 64%
dos consumidores do país são capazes de definir corretamente biodiversidade,
sendo a taxa mais elevada medida desde o início das pesquisas.
No Brasil, 96% dos que responderam à pesquisa têm
consciência sobre o tema da biodiversidade. O número total de definições
corretas sobre o que se entende por biodiversidade cresce entre os brasileiros.
Em 2012, o percentual foi de 48%. Este ano, subiu para 51% dos entrevistados
com respostas acertadas. Tal crescimento, conforme a pesquisa, é impulsionado
por documentários, escolas e campanhas publicitárias.
Pelo mundoNa França, 95% dos entrevistados já ouviram falar sobre
biodiversidade. Há no país alto nível de consciência sobre desenvolvimento
sustentável (94%) e sobre desmatamento, ameaça de extinção de espécies e
comércio justo (98%).
Entre os consumidores no Reino Unido, também nota-se alto
nível de conscientização sobre ética e comércio (cerca de 80%). Níveis de
consciência um pouco menores foram detectados quando a pergunta referia-se a
terminologias de assuntos ligados ao meio ambiente (cerca de 70%).
Já entre os alemães, observa-se forte aumento da consciência
dos consumidores sobre o que é biodiversidade. De 29% em 2009 para 48% em 2013.
No total, 91% dos consumidores do país conhecem termos relacionados, tais como
“preservação dos ecossistemas”, por exemplo.
Nos Estados Unidos é lento o avanço da consciência sobre
biodiversidade (48% em 2009 e 54% em 2013). O número de definições corretas
aumentou de 26% para 39%.
Poder do consumidorNo quesito abastecimento ético, a confiança do consumidor
nas empresas de beleza continua sendo baixa: 42% nos EUA e na Europa, e 64% nas
economias emergentes. A grande maioria dos consumidores (87%)  gostaria de ter acesso a mais informações
sobre as práticas de abastecimento em biodiversidade. Do total, 84% afirmam
que deixariam de comprar uma marca se ela não respeitasse as práticas éticas
de abastecimento.
Quando solicitados a citar três marcas que se preocupam com
o tema da biodiversidade, muitos consumidores mencionam as do setor de beleza,
alimentos e varejo. No entanto, não há uma única marca que se destaque
globalmente.
Apenas no Brasil foi citada uma marca com uma forte
identidade sobre biodiversidade. Metade (49%) dos consumidores brasileiros
entrevistados este ano mencionaram a Natura Cosméticos, como líder no mercado
nacional no setor. De outro lado, The Body Shop (23%) é a marca mais citada no
Reino Unido, e Yves Rocher é a mais mencionada na França (23%).
O Barômetro de 2013 também aponta que os jovens demonstram
ter maior consciência em relação à biodiversidade, sendo este um público alvo
para a indústria. Os homens, segundo Barômetro, tendem a serem ligeiramente
mais conscientes do que as mulheres.
A renda mais elevada e um maior nível de escolaridade
influenciam os níveis de sensibilização sobre biodiversidade e outros temas
relacionados à sustentabilidade, conforme os dados da pesquisa. O Barômetro da
Biodiversidade da UEBT indica ainda que as pessoas que consomem cosméticos
naturais têm maior consciência sobre a biodiversidade e temas relacionados.
Desde 2009, as 100 maiores empresas de produtos de beleza
dedicam especial atenção à biodiversidade em suas comunicações
corporativas e sites, segundo os dados acumulados do Barômetro. Em 2009, 13%
das empresas do setor mencionaram temas sobre biodiversidade em seus
relatórios. Em 2013, 32%. As vinte maiores empresas desse setor mostraram uma
cifra maior: 80% mencionaram a biodiversidade nos seus relatórios sobre
sustentabilidade corporativa, 100% mencionam o desenvolvimento sustentável e
75% indicaram que prestam atenção ao impacto das suas cadeias de
abastecimento sobre a biodiversidade.
Para a UEBT, o alto nível de interesse e de conhecimento do
consumidor verificado ao longo da série histórica de pesquisas pode orientar o
olhar dessas indústrias para uma nova postura diante das questões relacionadas
à biodiversidade. Mudança de posturas na cadeia de abastecimento, inovação
tecnológica e estratégias de comunicação que englobam a sustentabilidade são os
diferenciais que os consumidores começam a valorizar. O Barômetro da UEBT está
confirmando isso.
Sobre a UEBT
A União para BioComércio Ético é uma associação sem fins
lucrativos que promove o "Abastecimento com Respeito" de ingredientes
provenientes da biodiversidade. Os membros comprometem-se a assegurar
progressivamente que suas práticas de abastecimento promovam a conservação da
biodiversidade, respeitem o conhecimento tradicional e garantam a partilha
equitativa dos benefícios ao longo de toda a cadeia de abastecimento. A UEBT
tem 59 membros, incluindo marcas importantes na indústria de cosméticos, como a
Natura, no Brasil e Weleda, na Suíça. Para mais informações, visite
www.ethicalbiotrade.org.
Contatos: [email protected] / Skype: Gesisky –
62 8116 1200